Riram-se das suas palavras e ela ergueu-se enfurecida, gritando que os poria a todos no olho da rua, menos a Barrabás. Os outros soltaram estrondosas gargalhadas ao ouvir aquela mulher gorda falar-lhes daquela maneira. Acalmaram-se, porém e em seguida ficaram sérios e puseram-se a conversar em voz baixa com Barrabás, contando-lhe que iam voltar à montanha nesse mesmo dia, assim que escurecesse; tinham vindo só para sacrificar um cabrito que haviam trazido; como não foi aceite, tinham-no vendido e, em seu lugar, ofereceram duas pombas imaculadas; com o restante dinheiro, estavam a divertir-se ali naquela casa, daquela mulher gorda. Queriam saber quando é que Barrabás se iria unir-se a eles, lá em cima, informando-o acerca do actual esconderijo deles. Barrabás fez sinal com a cabeça, indicando que compreendia, mas nada respondeu.
Uma das mulheres pôs-se a falar do homem que tinha sido sacrificado em lugar de Barrabás. Ela tinha-o o visto uma vez, só de passagem, e tinham-lhe assegurado que se tratava de um rabi muito versado nas escrituras e que percorria o país fazendo profecias e milagres. Isso não era nada de mal, tantos outros o faziam também; certamente havia outro motivo pelo qual o tinham sacrificado. Era um homem magro, disso ela ainda se lembrava. Outra disse que nunca o tinha visto, mas que tinha ouvido falar nas suas profecias; ele vaticinava que o templo ia desmoronar-se, que Jerusalém seria destruida por um cataclismo, e que, em seguida, as chamas consumiriam o céu e a terra; enfim, coisas absurdas. Não era pois de estranhar que o tivessem crucificado. A terceira acrescentou que ele convivia com os pobres, tendos-lhe prometido que entrariam no reino de Deus; até às prostitutas ele o prometera. Todos riram muito e acharam que não seria nada mau, se fosse verdade.
Barrabás escutava-os e parecia agora menos absorto, embora não lhe aflorasse aos lábios o mais leve sorriso. Teve um sobressalto quando a mulher gorda lhe atirou os braços em volta do pescoço, dizendo que não lhe interessava absolutamente quem tinha sido o outro, que de qualquer maneira estava morto àquela hora. Ele é que fora crucificado, e não Barrabás; tudo o mais não tinha importância.
Uma das mulheres pôs-se a falar do homem que tinha sido sacrificado em lugar de Barrabás. Ela tinha-o o visto uma vez, só de passagem, e tinham-lhe assegurado que se tratava de um rabi muito versado nas escrituras e que percorria o país fazendo profecias e milagres. Isso não era nada de mal, tantos outros o faziam também; certamente havia outro motivo pelo qual o tinham sacrificado. Era um homem magro, disso ela ainda se lembrava. Outra disse que nunca o tinha visto, mas que tinha ouvido falar nas suas profecias; ele vaticinava que o templo ia desmoronar-se, que Jerusalém seria destruida por um cataclismo, e que, em seguida, as chamas consumiriam o céu e a terra; enfim, coisas absurdas. Não era pois de estranhar que o tivessem crucificado. A terceira acrescentou que ele convivia com os pobres, tendos-lhe prometido que entrariam no reino de Deus; até às prostitutas ele o prometera. Todos riram muito e acharam que não seria nada mau, se fosse verdade.
Barrabás escutava-os e parecia agora menos absorto, embora não lhe aflorasse aos lábios o mais leve sorriso. Teve um sobressalto quando a mulher gorda lhe atirou os braços em volta do pescoço, dizendo que não lhe interessava absolutamente quem tinha sido o outro, que de qualquer maneira estava morto àquela hora. Ele é que fora crucificado, e não Barrabás; tudo o mais não tinha importância.
3 comentários:
Sim.
mairiam
Se calhar... não! O resto haveria de ter importância... veremos!
António
Eu ontem também disse "veremos". Se tivéssemos dito ao mesmo tempo já não morríamos hoje, ou não tínhamos morrido ontem.
mairiam
Enviar um comentário