De uma porta que se abria como negra caverna, partiam vozes ruidosas e, no momento em que passava, uma mulher grande e gorda saiu, toda alvoroçada, e chamou Barrabás. Estava embriagada e, ao vê-lo, agitou os enormes braços em tumultuosa alegria, querendo fazê-lo entrar imediatamente. Ele hesitou um pouco, embaraçado, mas a mulher arrastou-o para dentro. No interior da casa, foi recebido com efusivas exclamações, por dois homens e três mulheres que só pode distinguir depois de algum tempo, quando os seus olhos se acostumaram à penumbra reinante. Apressaram-se a dar-lhe um lugar na mesa, encheram-lhe um copo com vinho e puseram-se a falar, todos ao mesmo tempo. Imaginem, ter ele saído da prisão, ter sido perdoado! Que grande sorte, crucificaram outro no seu lugar! Transbordavam de vinho e de ansia em partilhar a sua sorte, tocavam-o com as mãos, para que a sorte passase para eles.
Barrabás bebeu com eles, mas não falou muito. Durante a maior parte do tempo fitava o vácuo com os seus olhos castanhos-escuros, fundos demais, que pareciam estar-se a esconder. Acharam-no um pouco estranho, mas ele às vezes era assim mesmo.
As mulheres deram-lhe mais vinho. Ele bebeu de novo e deixou que os outros falassem, sem se meter muito na conversa.
Por fim, os seus companheiros começaram a admirar a sua atitude, sem saberem o que havia com ele. Um homem de aspecto desagradável, pousou as mãos nos ombros dizendo que entendia muito bem o seu estado de espirito, após tanto tempo no cárcere, quase morto, porque ser condenado à morte é o mesmo que morrer; ser depois perdoado e solto é como ressuscitar. Ele morrera, pois, e nasceu de novo, o que não era o mesmo que que estar vivo, assim como todos os outros...
Barrabás bebeu com eles, mas não falou muito. Durante a maior parte do tempo fitava o vácuo com os seus olhos castanhos-escuros, fundos demais, que pareciam estar-se a esconder. Acharam-no um pouco estranho, mas ele às vezes era assim mesmo.
As mulheres deram-lhe mais vinho. Ele bebeu de novo e deixou que os outros falassem, sem se meter muito na conversa.
Por fim, os seus companheiros começaram a admirar a sua atitude, sem saberem o que havia com ele. Um homem de aspecto desagradável, pousou as mãos nos ombros dizendo que entendia muito bem o seu estado de espirito, após tanto tempo no cárcere, quase morto, porque ser condenado à morte é o mesmo que morrer; ser depois perdoado e solto é como ressuscitar. Ele morrera, pois, e nasceu de novo, o que não era o mesmo que que estar vivo, assim como todos os outros...
6 comentários:
Ele não foi perdoado (ou foi?), só foi posto em liberdade, dadas as circunstâncias, isto é, por obra e graça do Espírito Santo, como se diz hoje em dia. E quase que morreu e como tal, quase que nasceu de novo.
Mas eu só digo isto para V. ver que eu li, porque a história está como um rio: continua para diante.
mairiam
Gosto muito da cor de fundo azul cueca deste blog. A sério.
mairiam
Tem outra sugestão? Todas as opiniões são bem vindas...
António
Eu disse que era a sério: gosto de azuis, embora por vezes lhes tenha uma raiva, quando acho que são demais ou que escurecem e pesam como chumbo, mas gosto. Deixe ficar.
mairiam
Isto parece quase um capítulo perdido da Relíquia!
Quero ver onde é que a hsitória vai dar!
Não Luís, não sou Queirosiano, nem o meu Barrabás é o Teodorico. Barrabás não "compreende", e por sua vez os homens não o compreendem; longe de pressentirem a luta que dentro dele se trava, recusam-se a ajudá-lo: o destino dos criminosos é cometer novos crimes. Mas isso para já não interessa para nada...
Nem eu sei onde a história irá dar!!!
António
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