quarta-feira, 12 de novembro de 2008

O encontro com ele...


Pensou então no dia em que se tinha encontrado com o filho de Deus, e na bondade que ele lhe havia demonstrado. Jamais alguém tinha sido tão bondoso para ela. Podia muito bem ter-lhe suplicado que a curasse da sua deformidade, mas não o fez, de propósito. Teria sido fácil para ele, porém ela não o quis pedir. Ele ajudava os que realmente necessitavam de ajuda, realizava obras maravilhosas. Não o quis importunar por tão pouco.
Não era estranho, muito estranho, o que ele dissera ao se aproximar dela, vendo-a ajoelhada na poeira do caminho?
- Também imploras milagres de mim? - perguntara ele.
- Não, senhor. Contento-me em te ver passar.
Então, olhando-a, muito meigo e ao mesmo tempo triste, ele afagara-a no rosto e tocara-lhe com a boca, sem que alguma modificação se operasse. Depois disse:
- Tu darás testemunho de mim.
Que palavras extraordinárias! O que quereria ele dizer? Darás testemunho de mim? Ela? Era incompreensível. Como o poderia fazer?
Ele não tivera dificuldade em entender o que ela dizia; como a todos os outros, entendera-a imediatamente. Mas nada havia de surpreendente nisso, pois era filho de Deus.
Ali deitada, ela pensava tanta coisa... Na expressão do Mestre quando ele lhe dirigira a palavra, no odor das suas mãos quando lhe tocara os lábios.
As estrelas reflectiam-se nos seus grandes olhos, muito abertos, e ela viu, admirada, que se tornavam mais numerosas quanto mais as contemplava. Desde que deixara de morar sob um telhado, tinha visto tantas estrelas... O que eram afinal? Não o sabia. Tinham sido criadas por Deus, naturalmente, mas o que eram? No deserto havia muitas estrelas... E também nas montanhas. Nas montanhas de Gilgal... Mas não na noite em que... Não, naquela noite não.

4 comentários:

Anónimo disse...

Porque é qu eu gosto mais dessa mulher que desse homem-Homem?
mairiam

Antonio Carvalho disse...

Talvez pelo facto de ser mulher... ou talvez porque ela está mais próxima de si, nas suas fraquezas, medos e sentimentos. Ele, porventura, estará para si tão distante como estiveram os que o mataram, ou, pior, aqueles que continuam a matá-lo mesmo passados mais de 200 anos.
Mas de todas as formas, eu também a preferia a ela do que ao Homem :-)

Obrigado

Antonio Carvalho disse...

2000 anos, não 200 :-)
Antonio

lenor disse...

É o pecado de Deus: a distância. Ou V. pensava que Ele não tinha pecado?
E só se redime porque nos faz acreditar que em cada um de nós há Deus. Senão não lhe perdoávamos.
:)
mairiam