domingo, 18 de janeiro de 2009

Todos o evitavam...



Sabiam muito bem que Barrabás não partilhava a crença deles e por isso estavam sempre prevenidos contra ele. Alguns mesmo, demonstravam abertamente a sua desconfiança e todos davam a entender que não nutriam grande simpatia por ele. Barrabás estava habituado a atitudes dessas, mas, coisa curiosa, daquela vez sentiu-se magoado, o que nunca tinha acontecido anteriormente. Todos o evitavam e preferiam não ter que falar com ele. Talvez fosse o seu aspecto, o golpe de faca na cara, de origem desconhecida, meio oculto pela barba, ou os seus olhos, tão profundos que ninguém conseguia vê-los perfeitamente. Talvez fosse isso que fizesse com que as pessoas o evitassem e fugissem dele quando se aproximava. Barrabás sabia-o muito bem, mas, que lhe importava a opinião dos outros? O que os outros pudessem pensar dele sempre lhe foi indiferente.
Nunca tivera a sensação de sofrer com o desprezo que lhe votavam.
Aqueles adeptos do rabi, porém, estavam estreitamente ligados entre si pelo laço comum, e todos se precatavam para impedir que penetrasse no seio da confraria alguém que nada tinha que ver com ela. Realizavam as suas reuniões e seus ágapes de confraternização, onde repartiam o pão e o vinho entre si, como numa grande família. Provávelmente, isso fazia parte da doutrina, do seu "amai-vos uns aos outros". O que não se podia saber era se também amavam alguém que não fosse como eles.
De forma alguma Barrabás quereria tomar parte num daqueles ágapes; só a ideia de ligar-se dessa maneira a outros o repugnava. Queria ser sempre livre e independente, nada mais.
Todavia, não deixava de pensar neles e de os procurar.

2 comentários:

Anónimo disse...

Acho que não tinha comentado ainda porque é difícil de comentar. Todos nós já sentimos estas contradições: o querer afastar-se e o sentir-se atraído; o sentir-se excluído e parecer que o aceita, e ao mesmo tempo cobiçar a força, a união e a protecção que teria num grupo que se organiza à volta de uma mensagem tão atractiva.
mairiam

Anónimo disse...

Não é urgente que se comente.... só se sentir necessidade para! Eu compreendo :)
A opinião dos outros importa sempre, e nunca nos deixará indiferentes...

António