domingo, 4 de janeiro de 2009

Porque é que permanecia em Jerusalém...

Frequentemente, Barrabás perguntava a si mesmo porque permanecia em Jerusalém, onde nada tinha que fazer. Perambulava pela cidade, sem nenhum propósito, sem tomar qualquer resolução. Sabia muito bem que lá em cima, nas montanhas, os camaradas deveriam estar bastante admirados da sua demora. Porque tardava ir, porque se detinha ali? Nem mesmo ele sabia a resposta.
A mulher gorda acreditava a príncipio que era por sua causa, mas depressa verificou o engano. Ficou até um pouco magoada mas, meu Deus, os homens são sempre ingratos quando obtêm com facilidade tudo o que desejam. Em todo o caso, ela tinha-o a seu lado e era tão bom ter um rapagão daqueles, ter alguém a quem se gosta afagar! E com Barrabás ao menos havia uma certeza: não se importava com ela, mas também não andava atrás de nenhuma outra. Não se afeiçoava a ninguém. Nunca se apegara a quem quer que fosse. De um modo ou de outro, a sua indiferença magoava-a, pelo menos nos momentos em que se entregavam juntos ao amor. Às vezes ela sentia-se triste e choramingava baixinho quando estava só. Isso, porém, não era de todo desagradável; o pranto tinha o seu lado bom. Ela possuía grande experiência no amor, e não o desdenhava em qualquer das suas diferentes formas.
O que ela não podia compreender era porque é que Barrabás se demorava tanto em Jerusalém. O que faria durante todo o dia? Não era preguiçoso como esses vagabundos que se viam por toda a parte; habituara-se à vida movimentada e perigosa. Não era muito do seu feitio andar a vadiar pelas ruas, sem fazer nada.

1 comentário:

Anónimo disse...

Eu se fosse a ela, para saber, começava a segui-lo sem ele se aperceber e depois descobria!
:)))
mairiam