Barrabás saiu do seu esconderijo e foi examinar mais detalhadamente a sepultura. Ao passar pelo vulto cinzento, ajoelhado no meio do caminho, viu, surpreendido, que era a mulher de lábio leporino. Parou para observá-la. O rosto pálido e escaveirado da mulher estava direccionado para a sepultura vazia e o seu olhar extasiado não via outra coisa. Tinha a boca entreaberta e mal respirava; a ferida que lhe deformava o lábio superior estava branca. Ela nem deu conta da presença de Barrabás.
Ao vê-la assim, a sensação quase de impudor apoderou-se dele, causando-lhe uma estranha sensação. Recordou-se então de algo que não queria lembrar. Lembrou-se de outra ocasião em que viu o rosto daquela mulher assim, como hoje. Então também sentiu vergonha... Deu de ombros e afastou de si essa imagem do passado.
Finalmente ela viu-o. Também se admirou muito de o encontrar por ali. Não era de estranhar, pois ele mesmo estava admirado de se encontrar naquele lugar. O que tinha ele a ver com tudo aquilo?
Barrabás teria preferido simular que vinha simplesmente andando pelo caminho e que só por acaso passava por ali, sem saber que lugar era aquele nem que havia qualquer supultura por ali. Saberia ele fingir? Talvez não o conseguisse, talvez ela não acreditasse. Em todo o caso foi ao seu encontro e perguntou:
- O que fazes aí de joelhos?
A mulher não ergueu os olhos nem tão pouco se moveu. Continuou com antes, os olhos postos no sepulcro aberto na rocha. Numa voz quase inaudível, murmurou:
- O filho de Deus ressuscitou...
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11 comentários:
Mas eu vou ficar à espera para saber do que é que Barrabás não se quer lembrar quando vê essa mulher.
mairiam
Até eu....
Antonio
Acho piada a este blogue!
Tem um postador e um comentador!
O número de visitas diárias é de 4!
Ou seja, um escreve, outro comenta, e depois o um recomenta!
Mais ou menos isso!
Isto é que vai aqui um casal blogal!
Com selo de qualidade do casamenteiro bloguex, porque foi aí que começou este namoro!
Estou pelo Porto, até logo!
Olá Luís:
Há também sempre alguém que vem lendo...
Só para pôr a verdade dos factos, embora não sejam muito diferentes daqueles que referes, as estatísticas são estas:
Total .............. 737
Average per Day ..... 7
Average per Visit ... 1.8
This Week ............ 49
Quanto à segunda parte do comentário não tem qualquer fundamento, nem mesmo teórico. Aprecio os comentários da mariam porque das pessoas que cá vêm é uma das poucas que vai comentando... Também não escreve isto para ter muita gente, aliás não escrevo nada que preste, sómente os meus devaneios numa personagem que se perdeu na história...
António
António, não ligues ao que o Luís diz, que ele gosta de provocar para ficarmos furiosos com ele. Agora, porque é que ele faz isto? É uma maneira de ele seleccionar as pessoas que gostam dele: têm que ter estômago e testa. Coração e verniz, não lhe interessa. Só pode gostar dele que ele deixar, e têm que ter características destas ou no género, não é, Luís?
mairiam
mairiam
Gosto da história, da maneira como a estás a escrever - sabes manter o suspense -, dos personagens que vão aparecendo e que vais descrevendo envolvendo sempre nalgum mistério, e gosto do tema, da época em que aconteceram os factos. Aliás, um best seller de há apenas poucos anos atrás, foi sobre Jesus. Xiça que já não me lembro do nome. Mas era aquela história em que hava um segredo que uma seita secreta tinha guardado: que Jesus tinha sido casado e tinha tido um filho e ainda havia nos dias de hoje descendência sua.
mairiam
António, eu juro que ontem a média de visitas era de 4! Mas também não interessa muito se são 4 ou 7, e se calhar foi a minha visita de ontem que aumentou a média!
Claro que não tem fundamento, eu estava a brincar, e se fosse um namoro não havia problemas para mim, vós é que sabendes, como se diz em Boticas!
Eu acho que tu escreves muito bem, tomara eu saber escrever como tu, vê-se perfeitamente que dominas a escrita e acho que é por isso que a mairiam gosta, porque ela também percebe, eu é que sou um nabo, sempre a dar erros e calinadas das maiores!
mairiam, estás sempre a dizer-me que não tenho coração, que desgraça! Não tenho nada essa ideia de mim, até sou um gajo sempre pronto a ajudar, embora seja um bocado frio, é o meu feitio.
Tu é que és aquela cabra que queres que os tristes das aldeias se fodam e vivam na merda e depois eu é que sou o gajo sem coraçao? Foda-se!
Verniz, nem pensar, quero lá saber, isso é para ti.
Vou ver se continuo a passar por cá!
Eu não. Aliás, eu acho que todas as famílias, da mesma maneira que têm dois carros, devem ter duas casas. Uma na cidade e outra no campo. E depois metade da população vive no campo e vai passar o fim de semana e férias para a cidade, e qum vive na cidade vai passar para o campo. Assim é que devia ser.
Olha, eu cá que moro no campo, bem que gosto de passar uns diazitos na cidade.
E não me chames cabra, sabes que isso é um nome feio, ou tenho que te ensinar???
Raios para este tipo!
mairiam
Vá lá "meninos", está tudo bem... Obrigado pelos comentários e incentivos. Na realidade não sou alguém que procura escrever como meio de expressão. Normalmente para me exprimir uso outro meio que é o do silêncio nas palavras e colorido das linhas daquilo que vou pintando por aqui e por ali. Mas escrever sobre alguém, volto a repetir, que se perdeu nos meandros da história fascina-me, porque sem registo temos então a liberdade de criar a nossa própria imagem dos acontecimentos. E é esta sucessão de imagens que fazem o filme da nossa vida.
Aproveitem pois a vida, deleitem-se nela, retirem-lhe os sumo, expremam-na até ao tutano... Pois só se vive uma vez... não é verdade?
António
Sei lá se só se vive uma vez. Acho é que vivemos uma vez de cada vez.
:) Porque isto de viver não é para todos os dias.
mairiam
Escrever será sempre a expressão de "algo". E só o facto de o fazermos, já é um acto de coragem, de apreço por esta forma de comunicação, de liberdade e de criação... Ao autor desde blog desejo que o faça sempre:... "a propósito e a despropósito"...! Nunca se sabe quantas "janelas da vida" se abrirão, mostrando que, se apenas vivemos só uma vez..., (como está referido nos comentários)o façamos na e para a eternidade da essência de cada Ser ....
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